ESCOLA PÚBLICA: POR QUE DEFENDÊ-LA?
Discutir a escola pública é algo que exige o mínimo de conhecimento do assunto, sobretudo por ser uma instituição complexa, que possui regras específicas de funcionamento, além de reunir um número grande de pessoas (alunos/as, professores/as, equipe pedagógica, merendeiros/as etc.) e uma diversidade gigantesca.
São comuns as críticas direcionadas às escolas públicas, principalmente em relação à conservação dos prédios, a falta de professores/as, as condições do mobiliário… Muitas das cobranças são legítimas, no entanto, essas cobranças não podem ser transformadas em ataques aos/às profissionais da educação e nem ao papel dessa área tão necessária na formação das pessoas.
Ao invés de ataques, são fundamentais as propostas e a exigência de melhora nas escolas. Essa ação deve ter início com os/as governantes (federal, estadual e municipal), no sentido de que reconheçam a sua responsabilidade acerca da educação.
No Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN – Lei nº. 9.394/1996), é obrigatória a matrícula de crianças e adolescentes entre 04 e 17 anos de idade. Isso quer dizer que esse grupo DEVE passar pelas instituições escolares: privadas ou públicas. A rede pública de ensino é a que atende a maior parcela do alunado. Para se ter uma ideia, de acordo com o Censo Escolar da Educação Básica de 2021, a rede pública atendeu 38.532.056 alunos/as da Educação Básica, enquanto que a rede privada atendeu 8.136.345.
Fica evidente que a ampla maioria de crianças e adolescentes está matriculada em instituições públicas. São nessas instituições que serão discutidos aspectos de futuro, formação, realidade, cultura, conhecimento… É nesse espaço que grande parte de meninos e meninas descobre as possibilidades da vida, aprende a socializar, percebe formas de viver, ler, contar, experimentar. Da Educação Infantil ao Ensino Médio é primordial o acesso a bons materiais didáticos, a professores/as com excelente formação científica, a uma merenda de qualidade, a um processo de ensino e aprendizagem transformador.
Assim, atacar a escola pública é atacar o que – talvez – seja a única oportunidade de muitas crianças e muitos/as adolescentes ascenderem na vida, em seus vários aspectos: intelectual, social, cultural etc. É preciso, portanto, defender as instituições públicas de ensino, cobrando as autoridades responsáveis. Essa cobrança inicia no momento de escolha dos/as governantes: é basilar optar por representantes comprometidos/as com a área educacional. Do contrário, as escolas estarão fadadas ao fracasso, ao sucateamento, à derrota e ao insucesso.
E quando essas características ruins sondarem as escolas públicas, não se devem ofender professores/as, pedagogos/as, diretores/as, merendeiros/as… Esses/as fazem parte do mesmo grupo de pais/mães/responsáveis e alunos/as, que são as pessoas que querem o sucesso de tais instituições. O problema está mais embaixo. Ou melhor: mais em cima – no grupo de alguns/algumas políticos/as que, muitas vezes, realizam atitudes corrompidas em seus mandatos.
Portanto, é preciso defender e honrar a escola pública, além de cobrar os/as verdadeiros responsáveis pela manutenção e bom andamento da mesma.
Texto: Profº Dr. Márcio de Oliveira – Pesquisador da UFAM.