Um grupo de cientistas internacionais realizou um estudo com pacientes que sofrem com a doença de Mal de Parkinson.
Publicado no periódico Nature, avaliou biomarcadores clínicos e moleculares do Mal de Parkinson a partir da estimulação não invasiva do nervo vago e verificou que sintomas da doença podem melhorar. A terapia não invasiva promoveu melhora considerável na marcha e aspectos motores de pacientes com a doença, especialmente em terapia aplicada três vezes ao dia, durante um mês.
A diretora de Comunicação da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), neurocirurgiã Vanessa Holanda, disse ontem (09/07) à Agência Brasil que o estudo está mostrando nova possibilidade de terapia para ajudar no chamado freezing (congelamento) de marcha, isto é, na dificuldade que o paciente tem para começar a andar. “Já existiam outros estudos antes com a estimulação do nervo vago para epilepsia e, inclusive é feito aqui no Brasil para essa finalidade, mas agora eles estão fazendo o estímulo do nervo vago para ajudar na doença de Parkinson. E de uma forma também não invasiva”.
Para a doutora Vanessa, isso pode somar bastante na qualidade de vida desses pacientes e reduzir o risco de queda, “que é um grande problema para os pacientes com doença de Parkinson”. A técnica testada pelos pesquisadores estrangeiros é mais comum em casos de epilepsia, cefaleias, depressão, e consiste no uso de um dispositivo portátil acoplado em determinada região para receber estímulos elétricos.
Vanessa explicou que o nervo vago começa na cabeça e se estende até órgãos do tórax, como coração e pulmão, e acaba no estômago. “É um importante meio de comunicação entre cérebro e corpo e sabe-se que sua estimulação pode combater a condição de neuroinflamação, presente na doença de Parkinson”.
Aliado
A presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Rio de Janeiro (SNCRJ), Mariangela Barbi Gonçalves, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que o resultado do estudo é “mais um aliado no tratamento dos sintomas da doença de Parkinson, que é muito debilitante”. O nervo vago é o mais comprido nervo craniano do corpo humano. O aparelho usado no estudo é uma espécie de gerador que dá pequenos choques, ou estímulos, por onde passa o nervo.
Novos estudos
Vanessa Holanda avaliou que a melhora apontada pelos pesquisadores na marcha dos pacientes com a doença de Parkinson é animadora, mas necessita de novos estudos, “até para ser bem documentada” e obter a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Defendeu que haja mais estudos para que esse tratamento possa ser ofertado para os pacientes “e a gente possa fazer com segurança esse tipo de estimulação”.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil