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O DESCANSO EM PAZ

Todos merecem um descanso. E antes do descanso eterno. Porque a vida sempre lhe pesa, lhe pega, amassa e esfrega. Até os jovens, que ainda em tese não tem motivos pra tanto, merecem o devido intervalo sereno, do “trampo”. Falo isso pensando em quem já chegou ao próprio limite da tolerância física e espiritual de tanto dever e nenhum lazer, nenhum prazer. Cada um tem o seu ponto de ebulição, justificável ou não, explicável ou não, para os outros na maioria das vezes. Tudo tem um limite. Ou não?Entendo hoje o significado da expressão, repetida aos borbotões, nos velórios: “descanse em paz”.

A redundância é justificável, quando se deseja realmente que a pessoa tenha encontrado a paz, a serenidade feliz do sono eterno, tranquilo, do merecido descanso. E o mais interessante é que isso serve até mesmo ao mais abjeto dos criminosos, afinal, que ele descanse de seus atos maléficos e nos dê um descanso também.Para muitos, o mistério pós-morte vai permanecer um mistério até que se morra. A morte seduz por seus segredos e por sua rejeição e medos, embora seja a única certeza que se tenha: um dia todos vão morrer fisicamente.

Querer adiantá-la, por quaisquer motivos, é um sacrilégio religioso e a mais corajosa ou desesperada decisão pessoal. Mas de todo modo é uma opção. Devemos respeitar. Se não escolhemos nascer, por que não ter o direito a morrer ? E não adianta remeter a responsabilidade a Deus: só ele quem decide, quem vive, quem morre. Não é tão simples assim.Pessoas choram sem motivos. Pessoas caminham sem direção. Por que sempre há de ter um motivo pra qualquer reação? Chorar é bom. Caminhar também.

Difícil é encontrar quem caminhe junto esta estrada de lágrimas e não te cobre outro caminho, apenas converse, ou compartilhe o silêncio. Procurem juntos, uma melhor direção. Todo esse discurso é pra que se tenha um olhar mais atento à predisposição ao suicídio, crises de choro, ao desespero interior que carregam os seres em depressão, em pânico interior. Difícil entender, mas é fácil observar e daí, compreender, quem sabe. Ou mesmo aceitar e se possível ajudar. O Setembro Amarelo veio pra isso. Mas o sinal vale pra todo ano.Acho difícil, mas acredito que a paz final, do sono merecido, mereça mesmo um sentido: o fim de quem vai ou um recomeço pra quem fica.

Texto: Evandro Lobo- Jornalista e Poeta

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