“Quem anda em integridade anda seguro, mas o que perverte os seus caminhos será conhecido” (Provérbios 10.9) Um fato incontestável é que vivemos dias de crises. A integridade está em extinção. É evidente a crise moral, espiritual, familiar, religiosa, pastoral, política no cenário atual. O profeta Isaías nos revela um cenário semelhante e censura o pecado do seu tempo: “Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e ficam como únicos moradores no meio da terra! Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta! Liras e harpas, tamboris e flautas e vinho há nos seus banquetes; porém não consideram os feitos do Senhor, nem olham para as obras das suas mãos. Ai dos que puxam para si a iniquidade com cordas de injustiça e o pecado, como com tirantes de carro!… Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito! Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte, os quais por suborno justificam o perverso e ao justo negam justiça!” (Isaías 5.8-23).
Vivemos em meio a uma geração e cultura pós-moderna que tem relativizado a verdade, tramam dia e noite para destruir os valores morais, aplaudem a imoralidade e desdenham da moralidade, que promovem a impiedade e depreciam a santidade, que amam a mentira e detestam a verdade. A cultura do roubo é notória diante de nossos olhos, roubos em todas as camadas sociais vem crescendo terrivelmente. O roubo está presente na política, na educação, na família, no esporte, na religião, na economia, nas ruas etc. Um outro cenário trágico é que a geração pós-moderna tem tentado normatizar o adultério, a traição, a promiscuidade, o aborto. O relativismo moral é um atentado a moral cristã, a integridade, a ética, aos valores absolutos. O casamento dentro dos padrões de Deus revelado nas Escrituras tem sido distorcido e atacado.
Os valores da família vêm sofrendo ataques pela cultura do relativismo moral. Ideologias humanistas e malignas têm tramado a ideologia de gênero e horrorosamente a erotização de nossas crianças. A geração do sexo casual tem escandalizado e afrontado a Deus, a família e a sociedade. A violência tem aumentado assustadoramente. Muitos jovens têm-se perdido e se destruído no submundo do consumo irrefreado das drogas. O profeta Miquéias denunciou: “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniquidade e maquinam o mal! À luz da alva, praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança” (Miquéias 2.1,2). Na esfera espiritual/religiosa por sua vez, a vida espiritual de muitos crentes se encontra em decadência por cederem ao pecado, por flertarem com as paixões carnais e por manterem a perigosa aliança com o mundo. Há muitos pastores que por flertar com o pecado caíram moralmente. Há muitos pregadores que movidos pelo sucesso caíram nos leitos do adultério. Como resultado, há muitas esposas destruídas emocional e espiritualmente, filhos perdidos no mundo, igrejas desanimadas. Há muitos cantores gospel que se venderam para o evangelho da prosperidade. O pastor Hernandes Dias Lopes comenta: “… muitos líderes têm caído nas armadilhas insidiosas do sexo, do poder e do dinheiro. A crise moral na vida de muitos pastores brasileiros tem sido um terremoto avassalador… É assustador o número de pastores que estão no ministério, subindo no púlpito para pregar a cada domingo, exortando o povo de Deus à santidade, combatendo tenazmente o pecado e ao mesmo tempo vivendo uma duplicidade…”. Precisamos, portanto, de pastores, cristãos e cantores íntegros e santos, precisamos de paixão pela pureza e nos aperfeiçoar na santidade “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15).
À semelhança do apóstolo Paulo, devemos nos esforçar por exercer o nosso ministério com a consciência pura e limpa diante de Deus e dos homens (Atos 24.16; I Cor 4.4; 2 Tm 1.3). José, do Egito, manteve-se íntegro ao ser assediado sexualmente pela mulher do seu senhor, Potifar, não se entregando ao leito com ela. José preferiu honrar a Deus com sua fidelidade a ceder ao pecado (Genesis 39.7-13). O apóstolo Tiago nos exorta quanto a esse pecado: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4.4).
É indiscutível que a exortação da Palavra de Deus é para os infiéis, os que preferem a imoralidade a santidade. A crise moral também está indubitavelmente presente nas cortes e nos palácios. O profeta Isaías, censurou os magistrados do seu tempo: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidade, para prejudicarem os pobres em juízo, e para arrebatarem o direito dos aflitos do meu povo” (Isaías 10.1,2). Precisamos de juízes íntegros, que primam pela verdade, justiça e o direito. A vontade e o chamado de Deus para os juízes é que exerçam o direito e a justiça (Isaías 5.7b). O profeta Daniel manteve-se íntegro em meio a idolatria, a corrupção, a inveja do seu tempo. Daniel não negociou a sua integridade e fidelidade a Deus por honrarias. Daniel foi acusado de sedição e sofreu perseguição política, religiosa, espiritual, mas não negociou a sua integridade (Daniel 6). Por sua integridade de coração, Daniel foi um profeta e ministro importante perante quatro reis e durante seus respectivos reinos. Ainda sobre os juízes e políticos corruptos, eis o que Deus diz através do profeta Miquéias: “Disse eu: Ouvi, agora, vós cabeças de Jacó, e vós, chefes da casa de Israel: Não é a vós outros que pertence saber o juízo? Os que aborreceis o bem e amais o mal; e deles arrancais a pele e a carne de cima dos seus ossos… Os seus cabeças dão sentenças por suborno…” (Mq 3.1,2,11).
O profeta Jeremias manteve-se íntegro em meio a corrupção e inveja do seu tempo e, consequentemente foi encarcerado, mas não cedeu à popularidade. João Batista, manteve-se íntegro e denunciando o pecado do povo, dos líderes religiosos e políticos de seu tempo, preferiu perder a cabeça a perder o caráter.
O fundamento da nossa integridade deve ser o nosso amor e fidelidade a Deus. Aquele que é fiel leva uma vida de retidão, santidade, honestidade e pureza. Aqueles que são íntegros não negociam a integridade por popularidade, riquezas, fama, poder, títulos, honrarias etc. O sábio rei Salomão escreveu: “A integridade dos retos os guia; mas, aos pérfidos, a sua mesma falsidade os destrói” (Pv 11.3). Certamente, a integridade é alvo de injustiça, perseguição, acusação, inveja. Aqueles que se mantem íntegros, que não negociam a sua integridade e buscam honrar a Deus por isto, sofrerão tais adversidades, mas, Deus os livrará à semelhança do profeta Daniel, do poder dos leões. Nosso compromisso é com a verdade de Deus. “Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; ele livrou Daniel, do poder dos leões” (Daniel 6.27).
Em tempos de crise podemos ser fiéis a Deus e nos manter íntegros em meio a uma geração e cultura corrompidas, não negociando os nossos valores morais e espirituais. Devemos cuidar do nosso coração e Deus cuidará da nossa imagem. Devemos cuidar da nossa integridade e Deus cuidará da nossa reputação. “Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao pescoço; escreve-as na tábua do teu coração e acharás graça e boa compreensão diante de Deus e dos homens” (Pv 3.3,4).
À semelhança de Daniel, quando honramos a Deus com a nossa fidelidade e integridade, o nome de Deus é engrandecido (Daniel 6.26,27).
Precisamos, porém, resgatar a supremacia das Escrituras Sagradas em nossas vidas, famílias, igrejas, escolas, na política, nos palácios, na sociedade, pois é na Palavra de Deus que encontramos a sabedoria para viver em integridade. É pelo poder da Palavra de Deus que somos santificados por intermédio do ministério do Espírito Santo. Portanto, devemos ser orientados e governados pela Palavra de Deus, a verdade absoluta, em meio a uma cultura do relativismo moral. A integridade é inegociável, em dias de crise, mantenha-se íntegro.
“Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum vício nem culpa” (Daniel 6.4)
Texto: Ediney Reis/ Escritor