Eleições se aproximam e mais uma vez vamos viver o burburinho das pretensões políticas. Aliás, a gente já está vendo e vivendo. Gente querendo se eleger ou se manter no cargo, no poder. Afinal, em tempos de crise financeira, quem não quer ter/manter um bom salário (em média 30 mil a R$ 100 mil + regalias); ou ter/manter a prerrogativa de interferir, mandar, influenciar, trabalhar pouco, falar muito e ganhar bem? E tudo isso com respaldo popular, e a guarita da impunidade, do foro privilegiado que a Constituição e outras leis e circunstâncias permitem.
As eleições para deputados federais e estaduais, senadores e presidente da República atraem as atenções não apenas pela quantidade de cargos oferecidos e gente se oferecendo, mas também pela qualidade que em princípio deveriam ter como representantes do povo. Por aqui, por exemplo, são quase sempre os mesmos, confiantes nos seus guetos ou merecidamente chamados de “currais” eleitorais. E entre os novos, são poucos, os que vêm imbuídos de propor, mudar, ajudar, acrescentar.
E com a facilidade de acesso a informações, a internet disponível em qualquer celular, a cada ano essa escolha deveria ficar mais fácil. Mas é justamente o contrário. Pois avaliar a índole dos pretendentes vai ser um exercício difícil entre tantos entretantos deste ano. Sem contar as fakes news, um dos males que assolaram e ainda assombram todos os meios de comunicação e tornaram muito mais difíceis as escolhas de quem fala ou faz “de verdade”. A política transformou a consciência em conveniência e os embates não estão mais no nível da ideias, das propostas de melhoria do bem comum, e sim no nível do interesse pessoal, particular pela manutenção ou ocupação de algum lugar, seja na Câmara Federal, seja nas assembleias, seja na Presidência.
É claro que no meio de tudo e de todos ainda (sempre) se pode encontrar pessoas realmente comprometidas com as causas políticas, com os anseios do cidadão, da comunidade, do estado e do país. Vai ser difícil, mas encontrá-los-emos. E o quanto puderem, caros eleitores, façam essa procura e escolha a mais criteriosa possível, passem os nomes por uma peneira, se informem sobre quem vocês desejam “colocar lá” para lhes representarem, como assim manda a Constituição.
Lembrem-se: a festa da democracia também é nossa, e só nós que deveríamos comandá-la e não transformar na balburdia de interesses em que se transformou.
Lembrem-se também: vez por outra, em nome de Deus, a ferro ou fogo, eles querem mudar as regras do jogo, mas esquecem que quem realmente mexe as peças é o povo.
Texto: Evandro Lobo – Poeta e Jornalista