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ANO  DE  REDENÇÃO

”Crônicas da vida, das artes e de tudo que pulsa em nós, em toda parte”

Não  quero ser ufanista, nem eufórico entusiasta demais  com o fim de ano  e imensamente crédulo  com o próximo que se anuncia.  Mas por tudo que passamos,  tudo que vivemos e vivenciamos MERECEMOS crer que 2023 vai ter  vez e voz entre nós. Pode ser suave, triste ou atroz, mas  acredito que,  mesmo assim,  algo de bom vai ungir os caminhos de todos os nós. Vivenciamos grandes decepções, tristes situações,  as quais agora esperamos experimentar  profundas redenções.

Pra  começar, conseguimos o mal expurgar e a expectativa de um bom e novo caminho político  para o Brasil encontrar.  Vivenciamos a era da ignorância,  da petulância, empáfia e covardia, em suas mais completas traduções. Experimentamos   a era do medo, com um  bando de gente se proclamando  “homens de bem”,  armados por aí querendo impor a interpretação deles e distorcida do que entendiam ser democracia,  Deus,  família e pátria.

A defesa de uma pseudo “liberdade de expressão” virou defesa da  liberdade de agressão. Nunca tínhamos visto tanto sectarismo e fanatismo em brasileiros antes considerados calmos e tementes às leis dos homens e de Deus. O “bolsonarismo” virou um emblema aos adoradores do inverso à ordem, à coerência, à tolerância, à discussão  equilibrada sobre tudo e a todos.

E  embora nada tenha a ver com o depressivo  estágio político brasileiro deste ano, não poderia deixar de citar o estado depressivo em que ficamos aos ver a forma como a Seleção Brasileira  dançou, literalmente, na intenção de trazer a da sexta Copa,  sem no entanto se esforçar tanto. Por outro lado, vimos duas feras do futebol  magnificamente lutarem e apenas uma merecidamente triunfar. Argentina e França mostraram a magia e a alegria desse esporte, assim como o Marrocos, Japão, Coreia, apesar de considerados de “pequena  grandeza” mostraram-se  supremos no empenho, na seriedade,  na paixão e dedicação em seus objetivos, até o fim. 

A redenção do esporte em sua mais completa  acepção. Vimos nossa imagem lá fora cair por terra e não só por causa do futebol, afinal, permanecemos penta. Mas o que mais nos sujou internacionalmente foram medidas e atitudes incomuns a um país de nossa envergadura.  Vimos um mandatário renegar as queimadas, a poluição, mudanças climáticas e, mais grave,  a  Covid 19, uma pandemia que levou à morte de quase  700 mil pessoas só aqui no Brasil. 

A vacinação chegou tarde aqui no país  por causa de decisões  governamentais, e que poderiam ter salvo muita gente. O presidente poderia,  desde o começo,  ter  tomado as rédeas do combate à doença, e preferiu  negar a gravidade  e  se  opor aos que faziam alguma coisa. Ele também renegou a  fome e defendeu o filé para o filho, e usar essa mesma  fome e necessidade do povo menos privilegiado só como barganha política. E apesar da insistente e renitente proclamação do combate à corrupção,  os casos pipocaram, e muito nesse governo, inclusive no seio da  _ famiglia_. 

E a única medida de “combate”  que vimos foram mudanças na direção da PF, assim como transferências, suspensões de  quem  investigava. Sem contar o respaldo do “Engavetador Geral da República” que nunca deu prosseguimento a denúncias contra o governo, mais especificamente. Essas, portanto,  foram apenas algumas das muitas provações por que passaram aqueles que verdadeiramente amam esse país, respeitam as leis e as instituições, mesmo que não concordem com elas. Democracia tem disso. 

Mas espero, enfim,  ser este e os próximos  quatro anos  a nossa redenção.  Não será fácil, é verdade. Mas acredito que agora, com uma nova direção, um novo governo comprometido com a esperança, o amor, os direitos, haverá espaço para uma corrente mais consistente de confiança, com elos mais fortes apesar de tantos entretantos fatais.

Texto: Evandro Lobo- Jornalista e Poeta

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