O coração humano está inclinado aos seus próprios tesouros. Jesus, no seu poderoso e famoso Sermão do Monte afirmou: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:21). Esses tesouros, seduzem e dominam o coração dos homens. Os homens tendem a tornar esses tesouros um deus. Indubitavelmente, o coração do homem é servo daquilo que o domina. Ademais, na cultura pós-moderna o que importa é o “ter”, é possuir mais que os outros e se orgulhar disso. Na cultura do Reino, porém, a ética cristã nos orienta para um valor mais sublime: o cultivo do ser, o poder de uma nova vida, de possuir o caráter de Deus, a santidade interior, o cultivo das virtudes cristãs. A ética do Reino é orientada pelo valores eternos.
O coração humano, portanto, é uma fábrica de construir deuses. Nas palavras de João Calvino “o coração do homem é uma fábrica de ídolos.” Quando os homens não conhecem a Deus, são sempre insatisfeitos, querendo acumular para si mesmos mais do que possuem. As pessoas estão sempre desejando e buscando mais que o necessário. Quando, porém, conhecemos a Deus, ficamos contentes e satisfeitos com o que Ele significa para nós. Mais do que Ele pode nos dar, amamos a Deus pelo que Ele é.
Não é pecado possuir bens e riquezas nesta vida. No entanto, não devemos confiar nas riquezas, no dinheiro ou nos bens materiais como meios de adquirir conforto e felicidade. Tudo neste mundo deve ser usado para glória de Deus. Mas, quando os valores materiais tomam no nosso coração o lugar que deve pertencer e ser possuído somente por Deus e seus valores eternos, isso se torna idolatria, um pecado. Todo tesouro terreno que ocupa todo espaço em nosso coração é um ídolo. O Mestre afirmou categoricamente: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas” (Mateus 6:24). John Wesley escreveu: “Você é chamado para cultuar o Senhor seu Deus e somente a ele servir… Não deve propor para você mesmo nenhum fim, nenhum auxílio, nenhuma felicidade, senão Deus. Não deve buscar nada na terra ou nos céus, senão Ele. Não deve almejar nada, senão conhecer, amar e desfrutar Deus. Isso é tudo o que interessa a você aqui embaixo.”
Nada nesta vida pertence de maneira absoluta a nós; somos apenas mordomos de Deus e um dia prestaremos conta de tudo o que Ele nos confiou para contribuir no mundo. Portanto, nosso coração deve estar nos tesouros do céu. Devemos pensar nas coisas eternas. Nosso coração deve ansiar e buscar primeiramente os valores eternos. Cristo deve ser o nosso maior tesouro. O Senhor de estimável valor.
Para Abel, Deus era o seu maior tesouro, o seu primeiro amor, a primazia da sua vida. Por isso, Abel ofertou para Deus: “Das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta” (Gn 4:4). Deus é o nosso maior tesouro. Devemos buscá-Lo em primeiro lugar nesta vida. Ele é tudo o que nós precisamos. Ele é a nossa maior riqueza. Seu Reino deve ser a nossa prioridade. Tudo o que diz respeito a Deus devemos ter como primazia. Tudo o que necessitamos está em Deus. Ele deve ser o nosso ouro e a nossa prata. Ele é mais precioso que o ouro mais refinado. Ele é mais valioso que as riquezas deste mundo com todas as suas glórias ilusórias e passageiras. Sua Presença é melhor, Sua Palavra é melhor.
Cristo deve ser tudo para nós, ou Ele não será nada. Ele é o desejado da nossa alma. Ele é o tesouro precioso que habita em nós, o tesouro em vasos de barro. Ele é o mistério que esteve oculto e que agora foi revelado: Cristo em nós, a esperança da glória (Cl 1:26,27). Todas as glórias deste mundo não se comparam com as excelências e glórias de Cristo. O apóstolo Paulo disse sobre as riquezas da glória dEle: “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1:15-20).
Sua gloriosa riqueza ofusca a glória de todos os personagens da História. Ele é o mais excelente, o mais precioso, o mais perfeito, o mais Belo entre os milhares. Antes da fundação do mundo Ele é o Eterno, coexistente com o Pai. Antes que Abraão, o pai da fé, existisse, Ele é o Eu Sou. Seu nome é mais excelente que o dos anjos (Hebreus 1:4). Nele estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2:3).
Sua Glória jamais será manchada ou destruída. Quando João Batista enviou os seus mensageiros a Jesus para saber se era Ele mesmo o que haveria de vir ou que deveria esperar outro, ao que o Mestre respondeu: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (Mt 11:4,5). Ele é o Rei da Glória, o nosso maior tesouro.
Quando Jesus perguntou aos seus discípulos o que as pessoas diziam a respeito de quem Ele era, eles responderam que Ele era apenas um profeta, do mesmo nível e valor dos profetas anteriores. E quando Jesus perguntou aos discípulos o que estes pensavam quem Ele era, Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Jesus é a Pedra na qual a Igreja está alicerçada, por isso ela tem as chaves do Reino de Deus e as portas do inferno não prevalece contra ela. Cristo é o tesouro da Igreja: o nosso fundamento, a nossa autoridade e a nossa vitória.
Reconhecendo o valor inestimável de Cristo, o apóstolo Paulo afirmou: “para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro… tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1:21,23). Estar com Cristo na Glória será uma riqueza incomparavelmente melhor.
Cristo é o Tesouro mais sublime. Quando conhecemos a Cristo e nos apaixonamos por Ele, adquirimos o senso de valor eterno e todos os outros aparentes tesouros, perdem o valor se comparados a Cristo. Se não, Paulo declarou: “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3:8). Todas as riquezas deste mundo perdem o valor se comparadas a conhecer a Cristo.
Cristo é a nossa maravilhosa riqueza! “Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Co 1:30,31).
Em Cristo temos toda a riqueza gloriosa da sua força para os dias da provação. Em Patmos, quando tudo parecia estar perdido e todas as vozes haviam se calado, o apóstolo João tem a visão do Cristo Glorificado que o disse: “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1:17,18).
Para a igreja em Laodicéia, o centro bancário daquele tempo, portanto, rica, se considerava abastada, e que não precisava de nada, no entanto, Jesus afirmou: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres” (Apocalipse 3:18). A verdadeira riqueza é possuir a Cristo como Senhor e Rei de nossa vida.
Ele é o tesouro que os homens procuram. Ele está em todas as direções: no Salmo 22, Ele é o que morreu e ressuscitou. No Salmo 23, Ele é o Supremo Pastor e no Salmo 24, Ele é o Rei da Glória! Ele é o cumprimento das Alianças, das Promessas, da Lei, do Amor e das Profecias. Certamente, Ele é o nosso Senhor, nosso Deus, nosso Rei, nosso Mestre, nosso amigo, nossa vida, nosso modelo, nossa força, nosso alvo, nosso tesouro, nossa paz, nossa alegria, nossa vitória, nossa glória.
Para o agricultor, Ele é a Videira Verdadeira.
Para o artista, Ele é a mais perfeita Beleza.
Para o trabalhador, Ele é o Descanso.
Para o cantor, Ele é a Canção da Eternidade.
Para o reis da terra, Ele é o Desejado das Nações.
Para o engenheiro, Ele é o Novo e Vivo Caminho.
Para o faminto, Ele é o Pão Vivo que desceu do Céu.
Para o que está em trevas, Ele é a Luz do mundo.
Para o astrônomo, Ele é a Estrela da Manhã.
Para o geógrafo, Ele é a Rocha.
Para o construtor, Ele é a Pedra Principal.
Para o ourives, Ele é o ouro de inestimável valor.
Para o marinheiro, Ele é o Capitão.
Para o filósofo, Ele é a Sabedoria.
Para o pregador, Ele é Palavra Viva.
Para o cansado, Ele é a Água de descanso.
Para o soldado, Ele é o Senhor dos Exércitos.
Para o enlutado, Ele é a Viva Esperança.
Para o entristecido, Ele é a Alegria indizível e cheia de Glória.
Para um mundo em guerras, Ele é o Príncipe da Paz.
Para o abatido, Ele é o Deus Forte.
Para o duvidoso, Ele é o Maravilhoso Conselheiro.
Para o perdido, Ele é o Caminho.
Para o incrédulo, Ele é a Verdade.
Para o desesperançado, Ele é a Vida.
Para o pecador, Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Para a Igreja, Ele é o Senhor e o Amado da sua Alma.
Cristo, o Rei de inestimável valor!
Texto: Ediney Reis – Escritor, Pastor e Teólogo