Feliz Natal e Ano Novo para todos que compartilharam comigo as angústias de um ano atribulado e as alegrias que animaram as nossas esperanças em busca de um mundo melhor para todos. Sei que meus leitores nem sempre concordam comigo, mas num aspecto todos são uníssonos: foi um ano muito puxado!
Parece que não terá os 365 dias e seis horas do calendário, teima em estender-se, como quem não quer ir embora. Precisa ir e nosso esforço deve ser no sentido de empurrá-lo com mãos de luva para não gerar mais atrito. As guerras não cessam, os sanguinários exibem seus dentes e suas armas contra os indefesos, alguns evocando até Deus e revisitam os fundamentalismos sórdidos das religiões universais.
Outros, propalam-se defensores da liberdade e espalham o ódio e alucinam as consciências, usando as redes socais e a mídia convencional que se tornou a “boca suja dos interesses perversos dos mercados”. Profissionais outrora de respeito dormem com o mercado!
No caso brasileiro, o que é mais grave, acordam martelando que a nossa economia está no fundo do poço. Uns poucos resistem e se rebelam. A maioria, sequestrada pelo patronato, formou o exército oficioso da mentira, que lembra um ditado dos tempos do início da República: “o padre que disse a missa era o mesmo camaleão”.
O jornalista, que deveria difundir a verdade, é o mesmo cretino vendido ao mercado que ataca as instituições da República, “tal qual” os participantes dos atentados de 08 de janeiro de 2023 agora desvendados. Depois do insucesso do Golpe, é a “milícia organizada do mercado”, a mais interessada na destruição do Estado Democrático de Direito em nosso país: obnubilando as consciências através de mecanismos especulativos (bolsas de valores, dólar, juros e spreads); através da mídia que patrocina, manipulando conteúdo das notícias ancoradas em pesquisas de opinião duvidosas; de extorsão nos juros, que aumentam a dívida pública, a inflação, o desemprego e o pânico em todos os setores da economia.
Não bastasse isso, o Congresso Nacional recusa a transparência, sequestra o Orçamento da União para atender a seus interesses duvidosos e aos de grupos infiltrados nas instituições públicas empenhados em subtrair dinheiro público, seja de emendas parlamentares ou não. O Congresso Nacional, constitucionalmente laico, é afrontado pelas Bancadas ditas “Evangélicas”, “Católica” e “Patriota Conservadora”, apoiando proposições eminentemente fascistóides sem nenhum pejo: proibição de todas as formas de aborto; castração química de condenados; poder de “justiça” aos fazendeiros para eliminar movimentos sociais no campo; equiparação da legítima defesa à “forte comoção” para policiais que assassinam inocentes; medidas que limitam poderes do judiciário.
As bancadas da Economia, promovem a “festa” de setores que não querem pagar impostos; que defendem as ações mais indecentes do agronegócio contra a defesa do meio ambiente. A luta é desigual, onde só o mal prevalece! Com tantos subterfúgios, falta-nos a compreensão do todo para combater com eficácia a desigualdade, a injustiça e o menosprezo aos direitos fundamentais que nos assegurariam uma vida digna.
Isso tem o nome: luta ideológica, luta de classes, luta pela vida e por um mundo mais igual!
“Esse Menino” que nasce todos os anos no nosso Natal (comemorado de formas diferentes pelos que creem ou não nele) foi anunciado pela mensagem do Profeta Isaías a uma Jerusalém Universal, à época tal como hoje, corrompida pela injustiça, com palavras bem diferentes dessas proferidas pelos “bocas sujas da nossa mídia e do mercado”. Vamos acreditar que elas ainda têm o poder de animar nossa esperança:
“Levanta-te, sê radiosa, eis a tua luz! A glória do senhor se levanta sobre ti./Vê, a noite cobre a terra e a escuridão, os povos, mas sobre ti levanta-se o Senhor, e sua glória te ilumina./ As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora” (Isaías, 60, vs 01-03, Bíblia Católica). Faz tempo que o Menino Jesus pediu: “amai-vos uns aos outros”.
Temos que lutar por isso, um mundo sem Herodes e outros genocidas assemelhados, que só apostam na dor, no horror e no ódio!
Texto: Walmir de Albuquerque Barbosa/ Escritor e Jornalista