No último dia 20 foi Dia do Amigo e nesse dia 31 é Dia do Vira Lata, mais conhecido hoje como SRD (sem raça definida) ou, mais recentemente ainda, os tais fura sacos.
Pode não aparecer, mas a relação das datas tem a ver com amizade mas a intenção aqui é mostrar quão importante são esses animais na vida das pessoas atualmente, ou seja: incômodo ou problema de saúde pública para alguns, carinho e afeição para muitos, os vira latas viram mesmo é os corações, remexem as emoções de muita gente. E mesmo que a busca por adoção tenha aumentado nos últimos anos, a Organização Mundial de Saúde estima que existam no país cerca de 30 milhões de animais abandonados, desses, 20 milhões são cães e 10 milhões de gatos. As organizações de proteção animal acreditam ainda que houve aumento de cerca de 60% no abandono durante a pandemia.
São números representativos para uma situação mais significativa, ainda mais quando a gente contrapõe a questão de saúde pública a o lado emocional, principalmente quando nos deparamos com outro aspecto: os maus tratos que sofrem tanto os vira latas quanto os de pedigree, de raça ou “raciados”. Mas vamos ficar apenas com os vira latas: aquelas felizes e simpáticas criaturas que fazemos questão de ter em casa, pra “fazer a segurança (?)”, arruaça, ou só a alegria das crianças. Aproveito, então, pra compartilhar umas dicas e informações do veterinário Pedro Giovannetti, da empresa Cobasi, uma das líderes do mercado pet nacional, as quais acredito serem interessantes quando se pretende contrapor vira latas e os cães de raça definida.
1. Doenças – O vira-lata não se sabe a origem específica, sem a interferência humana, criado de forma natural, desenvolvendo uma certa resistência a doenças genéticas. Mas isso não justifica a falta de cuidados. Pelo contrário, são necessárias as consultas periódicas ao veterinário, vacinação, vermifugação, antiparasitários, para evitar ou identificar possíveis doenças, ou seja, todo cuidado é bem-vindo quando se trata da saúde dos pets, em especial dos nossos SRDs.
2. Vira-lata precisa de ração específica – Devido a mistura de raças, fica impossível direcionar uma ração específica, até porque cada vira-lata é diferente do outro, trazendo características diversas. O que devemos oferecer é uma ração de acordo com a fase de vida (filhote, adulto ou idoso) e o porte (pequeno, médio ou grande) , respeitando as suas necessidades nutricionais.
3. Vira latas não são mais resistentes ao frio – A maioria dos animais vira latas são animais de pelos curtos, isso porque dificilmente vem cruzamentos de animais de linhagens de pelos longos. Assim, em temperaturas mais baixas, eles sentem frio e inclusive precisam de mais atenção com roupinhas, mantas e caminhas para se manterem aquecidos.
4. Vira lata vive mais? – Não! Esse é um mito muito famoso, pois costumamos ouvir que os cães vira latas são mais resistentes. Porém, não existe nenhuma comprovação científica de que esses cães vivem mais tempo do que os de raça.
O fato é que as misturas de raças e cruzamentos aleatórios tornam os cães vira latas menos propensos a terem doenças genéticas e hereditárias do que os cães de raças, mas isso não quer dizer que esses animais precisem de menos atenção e carinho.
A expectativa de vida de um animalzinho é influenciada diretamente pelos cuidados do seu tutor com ele, o carinho, amor e atenção que ele recebe, com alimentação de boa qualidade e adequada, além de visitas frequentes ao médico veterinário, que pode identificar doenças precocemente e inclusive preveni-las.
Por tudo isso e muito mais, desmerecer a importância desses cachorrinhos/as ou cachorrões/onas caramelos, brancos, pretos ou malhados, é desmerecer a própria existência. Eles estão aí, pra dizer que a vida pode receber um novo significado a partir de um simples abanar os rabos, um olhar terno e pidão, uma lambida frenética e gratidão no teu rosto, um pular sobre você pra dizer de alguma forma que te ama, está alegre, é fiel, é amigo. Se você os ama, eles sempre vão te receber assim ou até melhor.
Texto: Evandro Lobo/ Jornalista e Poeta