No texto anterior, discutimos que é fundamental defender e honrar a escola pública, inclusive cobrando os/as verdadeiros/as responsáveis pela manutenção e bom andamento da mesma. Isso nos faz pensar no cuidado que precisamos ter com as instituições escolares e, também, sobre os cuidados que tais instituições devem ter com os/as alunos/as.
Estamos entrando no mês de junho. Tempo de dar ainda mais visibilidade para as lutas de pessoas LGBTI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, Intersexos e demais categorias de orientação sexual e identidade de gênero). Luta essa a favor da vida, da liberdade, da convivência pacífica: luta pelo direito de existir.
O mês de junho representa essa luta porque remete à história do movimento LGBTI+, já que em 1969 houve a chamada revolta de Stonewall em Nova Iorque, que foi desencadeada quando um grupo de homens homossexuais decidiram enfrentar a violência policial, da qual eles eram vítimas. Isso foi um marco histórico, social, político, cultural.
O Dossiê de Mortes e Violências contra LGBTI+ no Brasil publicou dados de 2021, revelando que naquele ano ocorreram 316 mortes violentas contra o público (33,3% a mais que no ano anterior). Esse grupo tem a vida arrancada pelo simples fato de viverem sua sexualidade e identidade. Outro estudo – realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), secretarias de Atenção Primária em Saúde e de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – mostrou que a cada uma hora um/a LGBTI+ é agredido/a no Brasil, de modo que entre 2015 e 2017, data em que os dados foram analisados, 24.564 notificações de violências contra essa população foram registradas.
Esses dados nos apontam a necessidade de discussão sobre os aspectos de orientação sexual e identidade de gênero, de modo que as pessoas – cada vez mais – aprendam sobre o respeito entre as diferenças e o reconhecimento de tais diferenças. O índice de violência contra pessoas LGBTI+ (e contra qualquer outra pessoa) deve diminuir, a fim de buscarmos uma convivência harmônica.
Neste sentido, é primordial que esse debate entre no cotidiano escolar, fazendo que com a equipe pedagógica, os/as estudantes e toda a comunidade escolar voltem a atenção para o assunto. Conheçam cientificamente acerca desse tema, que ainda é tabu em nossa sociedade, mas que precisa estar presente nas práticas pedagógicas escolares.
Essa discussão precisa almejar as convivências entre as pessoas, de maneira que as suas singularidades sejam respeitadas, perpassando pela etnia/raça, religião (ou ausência dela), gênero, diversidade sexual… Nossa sociedade precisa parar com as “piadas” em relação às características humanas, além de zerar as práticas machistas, misóginas, LGBTI+fóbicas.
A Educação e a escola pública têm papel preponderante nesse debate, pois é a instituição que trabalha com o conhecimento científico. APRENDER SOBRE AS DIFERENÇAS E RESPEITÁ-LAS É UM DEVER DE TODO SER HUMANO QUE CONVIVE EM SOCIEDADE. A escola precisa cuidar dos/as alunos/as, levando esse conhecimento a todos/as, de maneira planejada, científica, com ética. Vamos contribuir nessa luta por um mundo menos violento? Informe-se, leia, busque conhecimento. Isso pode salvar vidas.
Texto: Profº Dr. Márcio de Oliveira – Pesquisador da UFAM.