Diante das inconsequentes, incoerentes, absurdas e por vezes ridículas atitudes e pseudoprotestos bolsonaristas contra o resultado democrático, limpo, confirmado e reconfirmado das urnas, inclusive com a eleição de uma bancada forte ligada ao Bolsonaro, deixa a gente mais convencido que o que se precisa não é mudar nomes políticos, mas a ideia de sociedade, a consciência social, a natureza humana.

E é assustador que isso atinja uma boa camada de brasileiros, pois além daqueles ditos “ignorantes” (em todos os sentidos) que resolveram adotar abertamente os atos ridículos e infundados de pedir “intervenção” militar, por exemplo, encontramos o mesmo pensamento em casa, entre parentes, familiares, amigos, colegas e conhecidos, alguns até com um nível intelectual razoável.
É realmente difícil entender e aceitar tudo isso. É assustador, até. Já está na hora de acabar. Por isso, me reservo o direito de dar aqui um toque de ânimo, em forma de poesia (recurso que sempre nos faz pensar, sonhar e também protestar). Muito embora ache que seja preciso uma atenção maior à toda essa triste situação.

É HORA

É hora
de reinventar
recriar fantasias
empacotar tristezas
rever alegrias
iludir a alma
tirar a poeira
ler um livro
com calma
arrumar prateleiras
revirar as páginas
saber das coisas
falar sozinho
qualquer besteira
ouvir os vizinhos
(que não sejam bolsominions)
saber dos rumores
abrir as portas
escancarar as janelas
buscar motivos
para novos humores
mexer nas panelas
e tornar concretas
toda receita
todas as metas
montar projetos
guardados no leito
daquele afeto
e bem escondidos
dentro do peito
e emoção
ainda discreta.
É hora de viver
deixar crescer
fazer renascer
qualquer sentimento sentido
mesmo que rápido
mesmo que triste
em qualquer momento vivido
e ainda assim fazer valer
aquilo que não se desiste:
amar sempre e profundamente
tudo que existe.

Texto: Evandro Lobo/ Jornalista e Poeta