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Ester, a rainha que arriscou a sua vida para salvar o seu povo

Ester havia sido levada cativa com sua família para a Babilônia pelo déspota Nabucodonosor, rei da Babilônia. Após a morte de seus pais, foi adotada e criada por seu primo Mordecai – um oficial do palácio.   Ester era uma jovem bela e formosa. Após a recusa da rainha Vasti para entrar na presença do rei Assuero, em um banquete que ele havia promovido, e possuído de ira aceita a sugestão de Memucã, seu conselheiro, de que a atitude da rainha Vasti seria conhecida e seguida por outras mulheres do reino, portanto, seria necessário emitir um decreto para que Vasti não mais entrasse na presença do rei e o reino dela fosse dado a outra melhor do que ela.

Então, deu-se início para a escolha de uma nova rainha. Tomaram muitas moças virgens, belas e formosas, e entre elas achava-se a judia Ester. Ester, excedendo em beleza e formosura alcançou favor diante de Hegai, eunuco do rei, um guarda das mulheres, onde concedeu-a unguentos, alimentos e as melhores condições e aposentos para que ela se preparasse e se apresentasse perante o rei. A lei persa estabelecia que o rei deveria casar-se com uma mulher de seu reino, que pertencesse as grandes famílias persas. Após um ano de preparo, aproximava assim, o dia em que Ester se apresentasse na presença do rei Assuero. Pela divina providência – sempre atuando na História –, Ester alcançou o favor do rei mais do que todas as mulheres e de todos quantos a viam; o rei a amou mais do que todas as mulheres e alcançou benevolência mais do que todas as moças virgens. Warren W. Wiersbe comentou: “… Deus também prepara as suas heroínas, pois, sem dúvida, Ester foi divinamente preparada para seu papel como nova rainha. Deus nunca é surpreendido pelas circunstâncias nem se vê em falta de servos preparados.” Assim, Ester tornou-se a rainha da Pérsia! Quais foram os segredos da rainha Ester?

Em primeiro lugar, Ester foi alvo da providência de Deus. Deus concedeu graciosamente todas as virtudes necessárias para Ester cumprir os Seus firmes propósitos (2:7), para alcançar o favor das pessoas (2:9,15) e ainda, possibilitando-a oportunidades (2:21-23). Ester alcançou acima de tudo, o favor de Deus para cumprir o Seu propósito de torná-la rainha para salvar o seu povo (4:14). Como alvo da providência divina, Ester carecia de discernimento e Deus fielmente a concedia. De semelhante modo, para o cumprimento dos propósitos de Deus em nossa vida e através de nós como Seus instrumentos, nas palavras do apóstolo Pedro “pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude” (2 Pedro 1:3). Deus é fiel e nos concede todas as virtudes necessárias.

Em segundo lugar, sendo rainha, Ester foi humilde e prudente, pois sempre seguia os conselhos do seu primo Mordecai (2:10,15,20), este fora conduzido por Deus para orientá-la a guardar a sua identidade como judia até o momento certo, pois como Warren W. Wiersbe analisa: “O antissemitismo era forte no mundo gentio…, mas Deus usou os dois para preservar o povo judeu.” Ela tinha aprendido a submissão com seus pais. O exemplo de Cristo nos é exortado pelo apóstolo Paulo: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2:5-11). Ainda, sobre a humildade e obediência de Cristo o autor aos Hebreus afirma: “… embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5:8,9). À semelhança de Cristo, é pela submissão à vontade revelada de Deus – as Escrituras Sagradas – que somos aperfeiçoados para o sacerdócio dos santos.

Em terceiro lugar, Ester põe-se em serviço do seu povo. Ela intercede e arrisca a própria vida em favor do seu povo. Hamã, o primeiro ministro do rei, e inimigo do povo de Deus, havia planejado destruir todos os judeus, pois odiava Mordecai, porque este não se rebaixava ao prostrar-se diante do cruel político Hamã. Este dissimuladamente, convenceu o rei para que emitisse um decreto para que os judeus fossem mortos (cf, cap. 3). Assim, todos os judeus estavam em grande e profunda aflição: luto, jejum, choro, lamentação (4:3). Mordecai informa Ester acerca de tudo o que estava acontecendo, bem como o decreto da destruição dos judeus (4:4-7). Ele a aconselha para que entre na presença do rei e lhe peça misericórdia e ainda, lhe suplicasse pelos judeus (4:8). Ela temeu, pois sabia que qualquer pessoa que entrasse na presença do rei sem que este convocasse, seria condenado à morte. Mordecai, por sua vez, insiste com ela e a desafia, e ela aceita. Ester promove um jejum – humilhação e oração (4:16,17). Com isto, Ester nos revela a sua submissão ao conselho do seu tio e dependência confiante de Deus.

Finalmente, Ester demonstrou confiança à vontade de Deus, e agiu ao se preparar para se apresentar ao rei. Nas palavras de Warren W. Wiersbe “Farei a vontade de Deus a qualquer custo!” Mordecai lembra Ester para o fato de que era para aquele propósito que ela estava no palácio, ou seja, Deus a havia escolhido para assumir como rainha para o cumprimento dos Seus firmes propósitos (4:14). As circunstâncias eram desfavoráveis à Ester. Warren W. Wiersbe expõe esse quadro: “A lei estava contra ela, pois ninguém tinha permissão de interromper o rei. O governo estava contra ela, pois o decreto determinava que ela deveria ser executada. Seu sexo estava contra ela, pois a atitude do rei com as mulheres era mais do que machista. Os oficiais estavam contra ela, pois só faziam aquilo que os colocava nas boas graças de Hamã… Mas se Deus é por nós, quem será contra nós? A resposta de fé é: ninguém!”

A rainha Ester se apresenta na presença do rei, este o reconhece e lhe concede a petição. Ainda, Warren W. Wiersbe comentou acertadamente: “Ester deixou claro,.. que dependia do favor do rei e que não estava tentando lhe dizer o que fazer… que o seu desejo não era satisfazer os próprios interesses, mas sim agradar o rei.”

Ela, portanto, alcança o favor do rei (5:2), convida-o para um banquete e pacientemente lhe convida para um segundo banquete. Entre os dois banquetes, o rei tem um sonho, ao que ordena que alguém traga o livro das histórias do seu reinado. A rainha Ester esperou o tempo certo para contar ao rei sobre o plano perverso de Hamã (5:3-8; 6:1,2). E ao contar o plano (7:7-10), Hamã é morto na forca que havia mandado construir para Mordecai. Mordecai, o tio da rainha Ester, torna-se ministro do rei. Mordecai recebe autoridade para elaborar outro decreto. Agora, os judeus podiam se defender e destruir os seus inimigos (8:9-17). Assim, maravilhosamente, pela providência de Deus, Ester salva o seu povo e houve grande alegria da parte dos judeus quando souberam de como foram salvos. Em memória a libertação, os judeus estabeleceram a Festa do Purim para lembrar os seus filhos que Deus os havia salvado da iminente destruição. Como cristãos não celebramos o Purim, embora nos alegremos com os judeus, mas celebramos a vitória de Cristo na cruz e a Sua Ressurreição. Ele é o nosso Salvador, o autor e consumador da nossa fé. Ele morreu a nossa morte para que vivêssemos a sua vida. Ele nos resgatou das garras de Satanás, nos libertou do poder do pecado e da morte. Ele é a nossa alegria, “a quem, não havendo visto,  amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1 Pe 1:8). Ele venceu a morte, o Diabo e o mundo! Nele temos a vida eterna!

O apóstolo Paulo, de semelhante modo, expressou a resolução da rainha Ester quando disse: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20:24).

Texto: Ediney Reis- Escritor e Teólogo

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