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O FUNDO IMORAL

No Brasil o ano efetivamente começa sempre depois do Carnaval, ou logo depois dos recessos do Legislativo e Judiciário, que cumprem merecidas férias, afinal devem trabalhar tanto  ou até mais que o trabalhador comum e por isso têm direito a dois períodos de férias ao ano fora as folgas da Semana Santa, Semana da Pátria,  etc, etc. É claro que a ironia cabe mais especificamente aos parlamentares, porque juízes, desembargadores, ministros, procuradores, promotores  e afins fizeram concurso e estudaram, e muito, pra merecerem esses descansos de suas horas de trabalho.

 Mas, falando de parlamentar, 2022 é ano de eleições.. Que prometem ser bem agitadas, inclusive por causa de ameaças de golpes, divisão do país e questionamentos normalmente infundáveis, por exemplo, de quem duvida da lisura da urna eletrônica, agora, apesar de ter sido, antes, por anos  eleito e se manter no ofício (mamata ou privilégio) por essa mesma urna. A lógica é assim: “se perder, a culpa é da urna, que permitiu uma suposta fraude; se ganhar, não há o que se discutir”

No entanto,  de todos os absurdos nada mudos que ora envolvem e ainda vão envolver a corrida eleitoral, a briga, a luta por um cargo eletivo (afinal, são bons salários e benefícios tentadores, muito além das “férias” que citei no começo desse artigo),   o maior é algo chamado de FUNDO ELEITORAL, que graças à mídia e à  transparência está nos mostrando a que ponto chegamos.

Para este ano,  depois de tanta discussão, contestação o valor do Fundo foi sancionado pelo Presidente da República  sob a módica quantia de 4,9 BILHÕES para que os partidos ou legendas possam usar nas campanhas dos seus candidatos.  Ou seja, a ideia é democratizar a disputa e dar dinheiro público  até para quem não tem chance alguma de se eleger. Não se preocupe, o partido banca !

Pra quem gosta de números este   FUNDO é 7 vezes maior do que o valor destinado a Anvisa no ano passado, responsável pelas  vacinas que hoje evitam que o genocídio provocado pela Covid e as ações irresponsáveis do governo fosse ainda maior. É 150% maior que o destinado para as eleições municipais de 2020 e dez vezes mais que a verba destinada ao INEP (responsável pelo Enem),  só pra citar algumas comparações. Não esquecendo que o Orçamento reduziu este ano verbas para Ciência, combate às queimadas e universidades federais, entre outras aberrações.

Então, que me perdoem legisladores, e defensores da legalidade ou até necessidade desse FUNDO, mas a imoralidade é evidente, quando se vê enchentes levando casas e vidas, um vírus cruel e invisível provocando mortes e caos na saúde, a fome e pobreza aumentando a olhos vistos e outras tantas mazelas que só não são maiores, devido à solidariedade e à força natural de sobrevivência do brasileiro.

Por que esse espírito de solidariedade não baixa no Congresso, no Senado,  nas assembleias legislativas ou câmaras municipais e faz com que os partidos abram mão de parte do montante desse FUNDO e apliquem em ajuda a quem realmente necessita, agora ? Não seria privilégio, benefício, no mínimo seria RESPEITO. Cinco por cento do salário de cada parlamentar desse país para o enfrentamento dessas tragédias também já ajudaria bastante, não acham ?

Texto: Evandro Lobo/ Jornalista e Poeta

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