“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros” (Isaías 9.6)
O título do texto em apreço sugere um espanto ou uma indagação: como alguém já pode nascer rei? O fato é que naturalmente ninguém nasce rei, mas nasce príncipe. Para ser rei deve haver uma sucessão para a tomada do trono real. Os filhos reais são príncipes que caminham para assumir como rei. É assim que sucede numa monarquia. Um fato que comoveu o mundo neste ano de 2022, foi a morte da insigne rainha Elizabeth II e, o rei Charles III, o filho mais velho assume o trono britânico aos 73 anos. Charles III assume após 70 anos do reinado da rainha Elizabeth II – tempo mais longo da história do Reino unido. O primogênito Charles III não nasceu rei.
Todavia, Deus é Rei, o Rei de toda a terra. O salmista reconhece: “O Senhor é rei eterno” (Salmos 10.16). Deus reina e governa tudo. “Deus é o Rei de toda a terra; salmodiai com harmonioso cântico. Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo trono” (Salmos 47.7,8). Mas, o que é o Natal? Será a “magia” ou o “espírito do consumismo” extremamente disseminado no mundo pós-moderno? O Natal é o glorioso mistério de Deus Rei se tornando homem sem pecado através do Filho Rei, Jesus Cristo. O nascimento do menino Rei foi a forma mais sublime de Deus habitar entre nós e de implantar o Seu poderoso Reino.
Jesus é o Rei que se encarnou e habitou entre nós manifestando graça sobre graça e a verdade eterna do Pai. O Filho está no trono governando com o Pai. O Filho reina desde a eternidade. Ele compartilha da mesma glória com o Pai desde a eternidade. Deus também fez o Filho herdeiro de todas as coisas. Deus deu ao Seu Filho o nome mais excelente que os anjos. Jesus está assentado à direita da Majestade de Deus. Jesus é o Rei da Glória.” Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Salmos 24.10). Ele é “o Soberano dos reis da terra” (Apocalipse 1.5). Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo Poderoso (Ap 1.8).
Jesus foi o único menino na história que nasceu rei. Eis o que o Pai afirma do Seu Filho: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei” (Salmos 2.6,7). O Evangelho de Mateus nos apresenta Jesus como Rei, de linhagem humana (Mateus 1.1-17) e linhagem divina (Mateus 1.18-25). Mas, quem reconheceria a realeza de Jesus, o Messias? Os Magos do Oriente foram a Jerusalém em busca do recém-nascido rei dos judeus para adorá-Lo. “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo” (Mt 2.1,2). Por muitos anos esses magos estudavam a estrela revelada por Deus, que os conduziu até Jerusalém no palácio de Herodes e que depois os levou até Belém onde Jesus havia nascido. O fato interessante é que os magos entenderam a divina revelação de que Jesus era o Messias, e, portanto, foram adorá-Lo. Eis o que diz as profecias: “As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu” (Isaías 60.3). Jesus é para todos, o menino que nasceu Rei para governar a todos.
As nações e os reis da terra viriam para adorá-Lo. Ele é o desejado das nações. Jesus é filho de Abraão, e Deus havia dito a Abraão que nele seriam benditas todas as famílias da terra. A vinda de Jesus, o Messias, é para a salvação de todos os povos, aos que creem no Seu nome. Recentemente, neste mês de dezembro, 2022, a Universidade de Brighton, na Inglaterra, elaborou um documento de nove páginas, com palavras e expressões que devem ser evitadas no âmbito da sua academia. Os funcionários não podem falar “Natal” aos alunos porque a palavra é cristocentrica e pode soar “ofensivo” para quem não professa a fé cristã. Quanta tolice. Como que o nascimento de um bebê inofensivo pode ser uma ofensa, se os nossos valores e valores esses que são as balizas da formação moral da família e consequentemente da sociedade estão ali, numa manjedoura? Que constrangimento o nascimento de uma criança indefesa pode produzir na sociedade? Presumir que o nascimento de Jesus é ofensivo é um tremendo absurdo. O nascimento de Jesus é o mais belo e sublime acontecimento do mundo. A despeito de tal ordem da Universidade de Brighton, o nascimento do menino Rei deve ser honrado, celebrado e anunciado. Não podemos deixar de falar da mais fascinante história do mundo. Jesus sendo eterno se fez homem para morrer a nossa morte e ressuscitou para a nossa ressurreição, para vivermos a Sua vida e reinarmos com Ele para todo o sempre.
Aqueles magos, portanto, representam a ciência humana se prostrando diante de Jesus, a Sabedoria divina e encarnada, o Verbo de Deus. A sabedoria humana deve servir aos desígnios de Deus. Ao terem chegado ao local onde Jesus havia nascido, ao verem com a sua mãe, alegraram-se, prostraram-se, adoraram a Jesus e o honraram com preciosos e valiosos tesouros, dentre os quais, era o ouro. Aqueles magos honraram a Jesus com ouro, reconhecendo–O como Rei, o Rei dos reis. Aqueles sábios não viram aquele Natal como um acontecimento “ofensivo”, muito menos um “constrangimento”, pelo contrário eles se alegraram com o nascimento do menino Rei. Aquele que reina sobre as nações. Assim sendo, o Natal é uma convocação solene e sublime para adorarmos e honrarmos a Jesus, o Rei dos reis, o menino que nasceu Rei, digno de toda a adoração.
“Num vilarejo,
Numa caverna,
Entre os animais,
Numa manjedoura,
Nasceu,
O menino Rei!”
Que todos tenham um abençoado Natal!
“Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor. Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam” (Salmos 2.10-12).
Texto: Ediney Reis- Escritor