Os Salmos bíblicos foram escritos por homens semelhantes a nós – com os mesmos sentimentos – em momentos de alegria, glória, devoção e, também em tempos de extrema dificuldade, outros nos momentos de profunda aflição. Portanto, nos Salmos podemos encontrar refúgio nos momentos mais difíceis da nossa vida. Salmos são grandes abrigos nos temporais furiosos da vida. Os Salmos são como jardins para um coração que contempla a beleza do Criador. Nos Salmos encontramos um tônico para a alma!
“Quando abraçamos Salmos, juntamo-nos a um amplo grupo de pessoas que por quase trinta séculos tem baseado seus louvores e orações nessas palavras antigas. Reis e camponeses, profetas e sacerdotes, apóstolos e mártires, monges e reformadores, executivos e donas de casa, professores e cantores populares – para todos esses e para uma multidão de outros, Salmos tem sido vida e respiração espiritual.” – William S. Lasor, David A. Hubbard e Frederic W. Bush, Introdução ao Antigo Testamento (Vida Nova, 2009).
Os Salmos sempre fizeram parte da vida e cultura do povo de Deus, eram cantados, não apenas lidos. Como escrito sagrado é nosso dever adorar a Deus com a leitura, meditação e louvor através dos Salmos. Warren W. Wiersbe observa que os Salmos nos ajudam a adorar a Deus de todo o nosso coração. Davi dizia que louvar a Deus é maravilhoso e, com o auxílio dos Salmos é uma experiencia agradável, poderosa e profética. Louvar a Deus com a ajuda dos Salmos é provocar os Céus de maneira que eles sejam abertos sobre nós e sejamos tomados por um ambiente profético de glória.
Quero destacar o poder que os Salmos podem operar em nossa vida quando cantamos e adoramos a Deus. Os Salmos produzem conforto, encorajamento e fortalecimento espiritual e emocional. Davi no Salmos 42:5 nos diz: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te pertubas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a Ele, meu auxílio e Deus meu”. Nos momentos dos vales mais escuros da nossa alma, somos levantados do desânimo quando cantamos os Salmos. Mather nos diz “que a música é de grande eficácia contra a melancolia”. Mather diz ainda: “A doçura e o deleite da música têm um poder natural para superar as paixões melancólicas”. O bispo Sanderson, quando preso pelo Parlamento, encontrou nos Salmos sublime conforto em tempos extremamente difíceis.
Ele estava profundamente certo quando afirmou: “adequado para todas as pessoas e todas as necessidades; capaz de elevar a alma do desânimo pela menção frequente das misericórdias de Deus aos pecadores arrependidos: incitar. Santo desejo; aumentar a alegria; moderar a tristeza; alimentar a esperança e nos ensinar a paciência, esperando o lazer de Deus; para gerar uma confiança na misericórdia, poder e providência de nosso Criador; e causar uma resignação de nós mesmos à sua vontade: e então, e não até então, acreditar que somos felizes.”
Os Salmos têm o poder de nos introduzir numa vida de piedade e devoção a Deus. Sempre vejo nos Salmos inspiração para o cultivo da piedade. Um dos textos que tem se tornado uma bussola para a minha prática da piedade é este: “Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome. Dar-te-ei graças, Senhor, Deus meu, de todo o coração, e glorificarei para sempre o teu nome” (Salmos 86:11,12).
Lewis Bayly estabeleceu estes princípios indispensáveis para o canto dos Salmos: “Cuidado ao cantar Salmos divinos para uma recreação comum; assim como homens de espíritos impuros, que cantam salmos sagrados, misturados com baladas de propano. Eles são a Palavra de Deus, não os coloque em sua boca em vão. Lembre-se de cantar os Salmos de Davi, com o Espírito de Davi. Pratique a exortação do Apóstolo Paulo: Cantarei com o Espírito, mas também cantarei com o entendimento. Enquanto vocês cantam, descubram suas cabeças e se comportem em reverência graciosa, como na presença de Deus, cantando para Deus, nas próprias palavras de Deus: mas tenham certeza de que o assunto faz mais melodia em seus corações do que a música em seus Ouvidos: pois cantar com graça em nossos corações, É aquilo que agrada ao Senhor… Você pode, se achar bom, cantar todos os Salmos em ordem: pois todos são divinos e confortáveis. Mas se você escolher alguns Salmos especiais, como mais adequados para algumas ocasiões e propósitos: e como, pelo uso frequente, seu povo pode memorizar mais facilmente”.
Os Salmos nos auxiliam e inspiram a adorar e glorificar a Deus. Davi escreveu: “Porque o SENHOR é o Deus supremo e o grande Rei acima de todos os deuses” (Salmos 95:3). Calvino escreveu: “Verdadeiramente, sabemos por experiência que cantar Salmos tem grande força e vigor para mover e inflamar corações para invocar e louvar a Deus com um zelo mais vivo e ardente”. Calvino continua dizendo, citando Agostinho: “Quando cantamos esses salmos… temos certeza de que Deus coloca as palavras em nossas bocas como se ele estivesse cantando em nós para exaltar sua glória.”
Quando cantamos os Salmos experimentamos a sublimidade da Glória de Deus e a doçura da Sua bendita e íntima presença. Experimentamos o Seu poder e a Sua condescendência graciosa. Warren W. Wiersbe comentou: “O Deus descrito nos Salmos é tanto transcendente quanto imanente, encontra-se nas mais distantes alturas e, ao mesmo tempo, está presente pessoalmente conosco em nossa jornada de peregrinos. Ele é o “Altíssimo” e o “Emanuel – Deus conosco”.
Quando cantamos os Salmos somos cheios da plenitude do Espírito e proclamamos as maravilhas de Deus. O apóstolo Paulo exortou a Igreja: “Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com Salmos” (Ef 5:18,19). Portanto, a primeira comunidade cristã fez uso dos Salmos. Finalmente, Jesus fez uso dos Salmos quando declarou profeticamente a Sua glorificação: “…Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe Senhor, dizendo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teu pés?” (Mateus 22:44, cf Salmos 110:1). Os Salmos nos ensinam e inspiram a profetizar no nome de Jesus nossas vitórias e triunfos, pois em Cristo nas palavras do apóstolo Paulo “Deus sempre nos conduz em triunfo” (2 Co 2:14).
Portanto, aqueles que cantam Salmos, cantem para o louvor do Rei! “Cantai louvores a Deus, cantai louvores: cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores. Porque Deus é o Rei de toda a terra: cantai louvores com entendimento” (Salmos 47:6,7).
Texto: Ediney Reis – Teólogo, Pastor e Escritor
