Ainda sobre o BBB 24, talvez o mais badalado de todos até agora, segundo aqueles que acompanham com mais frequência e pela repercussão e dimensão que o programa ganhou este ano. Decididamente, para todos, em especial os amazonenses, o BBB24 foi emblemático, embora continue não passando de um formidável produto midiático e de markentig Global (se é que me entendem) muito bem elaborado, muito embora muita gente não saiba, por exemplo, o que significa o sentido da palavra Big Brother.
Mas, realmente, quem realmente venceu este BBB ? Acho que os “valores” desse programa em específico vão muito além que os milhões recebidos pelo vencedor (Davi) e outros milhares de prêmios em dinheiro distribuídos ao longo do programa aos outros participantes. Sem contar os milhões de telespectadores, assíduos ou só de passagem, que procuraram acompanhar toda a saga dos competidores (“heróis”, como profanava o Bial), suas dores, sabores e pendores, e torcer, opinar sobre eles.
Acho que a vitória maior, no nosso caso, foi a da amazonense parintinense Isabelle Nogueira, que mostrou um poder de mobilização incrível dentro e até fora do estado. E embora tenha ficado na terceira posição das preferências finais, atraiu muitas atenções, fez até a TV A Crítica (concorrente local da Globo, promotora do BBB) suspender a programação no valioso horário nobre só pra que os amazonenses pudessem votar na parintinense. Isso significou abrir mão de alguns preciosos minutos no horário nobre mas um respeito enorme à torcida pela vitória da cunhã.
Sem contar que uniu os bumbás Garantido e Caprichoso nessa torcida. Só pra lembrar: Isabelle é cunhã-poranga (menina bela) do Garantido, mas sempre exaltou em suas aparições no BBB a força do Festival. A rivalidade virou um sentimento uníssono de luta pela identidade folclórica amazonense, que se traduziu numa identidade geral amazônica. Quem conhece o clima de rinha cultural que existe em Parintins entre esses bumbás, pode avaliar o gesto. Nesse caso, quem ganhou projeção nacional e mundial, também, foi o Festival Folclórico de Parintins.
Outra “vitória” foi do Norte sobre o Sul. Quem acompanhou viu que a disputa final do BBB se resumiu num embate entre Davi (Maranhão), Mateus (Rio Grande do Sul) e a bela Isabelle (Amazonas). Não pode-se dizer “representantes”, porque o programa não defende abertamente sobre isso e a vitória de cada um depende do esforço de cada um em suportar o que o Big Brother reservou para quem gosta de fama e exposição pública de seus corpos, ações e pensamentos.
O mais interessante de tudo é que nessa turbilhão midiático milionário que se tornou o BBB, nesses 24 anos, até quem criticava o reality teve de parar, ver, ao menos uma parte, para poder opinar ou fazer comentários nas redes sociais.
No final, todos lucraram, todos venceram, inclusive nossa sã paciência.
Evandro Lobo – Jornalista e Poeta
