Decididamente, 2023 não foi um ano ruim para o Brasil. Foi sim, um ano bom, apesar das intempéries naturais do clima que fez o povo conviver com a oscilação de calores quentes e frios descomunais e anormais. Encheu, secou, transbordaram e emergiram os problemas que nunca aos olhos fugiram.
Mas podemos dizer, sem sombra de dúvida, que tivemos bons ares na política, com o afastamento, pelo menos pelos próximos 8 anos (se assim Deus nos permitir) de todo mal que passou por aqui, de tudo o que é mais execrável, ignóbil e ignorante possível (embora se saiba que a vil sementinha brotou e ainda toma conta principalmente das redes sociais).
Tivemos a punição exemplar daqueles que quiseram bagunçar, vilipendiar, dilapidar, vandalizar a moral e a democracia brasileira no dia 8 de janeiro (triste dado da História que não se vai tirar tão cedo da memória).
Voltamos a ter protagonismo e projeção políticoeconômica aqui e lá fora. Pulamos da chacota para o respeito. Do discurso de ódio ao diálogo, ainda que ideias infelizes prevaleçam em nome de um discurso de defesa das armas, por exemplo.
Querendo ou não, até oposicionistas mais ferrenhos hão de concordar que o Brasil já caminha para um destino econômico e social bem melhor que há quatro, oito anos. Não vou descrever tudo, porque o espaço não vai caber. É só consultar os sites, blogs, portais e outros canais especializados. Os sérios e sensatos, por favor. E tirem suas conclusões, longe de qualquer pré-concepção política, faciosa ou não. E o que é mais importante: não confiem em fakes que povoaram e povoam ainda vossas opiniões e alimentam sectarismos, ficções e facções.
Estamos bem. Bem longe do ideal, é verdade, mas bem melhor do que estávamos.
Só lamento que vivemos e vivenciamos ainda as infelizes constâncias das guerras, dos assaltos, assassinatos, latrocínios, das mortes dos infelizes, das balas perdidas que encontraram pelo caminho vidas que nada tinham a ver com todos os embates e conflitos indevidos. Não entendo, não aceito a morte de uma criança, nem de ninguém, por um tiro de bala perdida de fuzil, uma pistola como desígnio de Deus. Tipo: “era a hora dela/e, foi Deus quem quis assim …”, ou “… estava no lugar e na hora erradas. . .” Assim como não me concebe a ideia de matar ou destruir a vida de milhares de crianças, mulheres, homens adultos e idosos, sob a justificativa de ter de matar algumas centenas de militares do país ou do grupo opositor, para autojustificar a injustificável razão de dominação de ideias e território. É uma matemática cruel: mata-se milhões, porque se quer atingir poucos mil.
São mais de 20 conflitos oficiais atualmente no mundo, em nome de Deus, por direito a posse de um terreno, uma área, um país já estruturado, ou sob a mais esdrúxula justificativa. Fora aqueles conflitos menores do dia a dia, das manifestações machistas, feminicídios, agressões sem motivos, estupros, aberrações, embates de trânsito, a “guerra” do tráfico etc, etc, etc … Os humanos se matam e se batem com uma desumanidade tal que a gente começa a pensar sobre uma possível vitória do Mal.
Mas apesar de tudo isso, quando encerra o ano sempre há espaço para se pensar que tudo vai mudar, melhorar. Senão tudo, pelo menos um pouco já ajuda. Resta, então, comemorar, bebemorar, dançar, se abraçar, observar, respeitar a felicidade sua e dos outros, e suspirar por um momento que precisamos todos de todos os bons momentos nossos e dos outros.
Enfim, estamos mais uma vez prontos para um recomeço, para um repensar de nossos enredos, nossas vitórias e tropeços. E tudo e contudo olhar tudo, qualquer coisa, qualquer lugar, com um sentido mudo, sentimento singular, o que há de sagrado e segredo que ainda há por vir, no chão e no ar.
Que 2024 nos traga um renascer constante, a cada hora, a cada noite, cada aurora, cada instante, cada rompante feliz, cada momento infeliz, cada acontecimento bom, ruim, mas que seja importante. significativo naquilo que se quis!
Texto: Evandro Lobo – Jornalista e Poeta